Pouso Alegre

Agricultor de Pouso Alegre ganha prêmio por inovação no cultivo de castanha

Magson Gomes / 14 novembro 2018

Nascido no Japão, o senhor Amagai veio para Pouso Alegre aos 28 anos e inovou no cultivo do kuri, uma espécie japonesa da castanha portuguesa.

O agricultor pouso-alegrense Hisashi Amagai, de 81 anos, recebeu o prêmio da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social pelo espírito inovador e comunitário, tendo contribuído para a difusão do conhecimento técnico da cultura do kuri, espécie japonesa da castanha portuguesa no Brasil. O prêmio Kiyoshi Yamamoto está na 48º edição e foi entregue na semana passada em São Paulo.

O agricultor diz que ficou emocionado com a premiação e agradeceu a família e equipe de trabalho, sem se esquecer das pessoas que o ajudaram. “Os resultados que obtive até hoje foram graças aquelas pessoas que me passaram os ensinamentos e suportes técnicos. Ainda temos muitos desafios e muita coisa para aprender. Mas estamos no caminho do desenvolvimento e melhoramento de variedades”.

Sr. Amagai recebe prêmio em São Paulo (Foto: divulgação)

A chegada em Pouso Alegre e o início do cultivo da castanha

O senhor Amagai, como é conhecido, nasceu na província de Ibaraki, no Japão, em 1937. Aos 28 anos, em 1965, recém-casado, ele chegou em Pouso Alegre, onde arrendou terras para o cultivo de tomate e hortaliças. Amagai, já tinha estado no Brasil de 1957 a 1964, quando morou no interior de São Paulo e Cambuí, Sul de Minas. Mas seria nessa nova fase que o agricultor ganharia destaque.

Além das terras em Pouso Alegre, Sr. Amagai iniciou o plantio da castanha nas montanhas de Espírito Santo do Dourado, onde encontrou as condições ideais para a cultura. Ele recebeu a ajuda do pai, que veio ao Brasil só para lhe ensinar sobre o cultivo da variedade. Assim, surgia um agricultor inovador e com muita vontade de empreender.

Nos anos seguintes, o Sr, Amagai viajou diversas vezes de volta ao Japão para adquirir mais conhecimento e passou a selecionar material genético de castanhas superiores e desenvolver suas próprias mudas.

O agricultor em sua propriedade de castanhas. (Foto: Ascom PMPA)

Transferência de conhecimento

Em parceria com institutos de pesquisas e universidades, ele trabalha para o lançamento de pelo menos dois novos cultivos de castanha, sendo que uma delas poderá receber o nome “Amagai”. O agricultor tem transferido seus conhecimentos sobre o cultivo da castanha aos produtores do Sul de Minas.

Segundo a Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa, o Sr. Amagai transformou sua propriedade em um centro de pesquisa, para adaptar a tecnologia observada em outros países às condições brasileiras e tem obtido êxito, devido à sua perspicácia, sensibilidade e persistência. Assim, gera e difunde tecnologia a quem quiser e precisar, sempre com bondade e alegria.

Mercado da castanha japonesa

O Sr. Amagai, através da sua coleção de plantas de cultivares japonesas selecionou aquelas que produzem no período de festas natalinas, quando há grande procura. Isso tornou o produto altamente competitivo, sendo reconhecido pelos atacadistas da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP), Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Belém do Pará, por ser um produto mais fresco em relação às castanhas importadas de Portugal, e por sua qualidade superior. Entretanto, como a produção nacional ainda não supre a demanda do mercado, o Sr. Amagai busca difundir suas técnicas entre outros produtores.

Produção de 30 toneladas por ano

No ano passado, a produção foi de 25 mil quilos da castanha. Para 2018, a estimativa é passar dos 30 mil quilos, segundo Marico Amagai, filha do agricultor que cuida da comercialização. A produção é vendida, principalmente, para os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Pará. Apenas cerca de 5% ficam no Sul de Minas.

Atualmente dispõe de cinco hectares de pomar de castanha em produção e de 30 hectares em fase de crescimento. Na instalação de seus pomares faz uso de práticas conservacionistas de solo e de água. Em sua propriedade preserva o máximo de áreas com vegetação natural, onde a biodiversidade é grande e a água de qualidade brota com fartura, o que favorece a saúde de seus cultivos comerciais.

O agricultor também comercializa a castanha no Ceasa de Pouso Alegre. (Foto: Ascom PMPA)

Mantém tradição japonesa no bairro Faisqueira em Pouso Alegre

Aproveitando o rareamento dos pés de castanha, Sr. Amagai passou a produzir carvão e cogumelo shiitake.

Em seu sítio na área urbana de Pouso Alegre, no bairro Faisqueira, ele mantém espírito inovador e conserva tradição japonesa. Até os dias de hoje, o agricultor cultiva a variedade de arroz japonês conhecido como “koshihikari” para seu consumo próprio. As mudas são plantadas à mão.


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