Jovem de Pouso Alegre chega em 1º lugar em prova onde correu 120 km em 12 horas

Magson Gomes / 29 agosto 2018

Denílson Rodrigues, de 20 anos, começou a correr há 3 anos para largar o vício do videogame que o estava deixando obeso. O treinador da seleção brasileira de ultramaratonistas, Mariano Moraes, vê futuro no jovem.

Já pensou em correr 500 quilômetros por mês? Que tal fazer um treino ‘curto’ de corrida de Pouso Alegre até Ouro Fino? Muita coisa, não é? Você ficou cansado só de imaginar. Mas para o jovem atleta Denílson Rodrigues isso já virou rotina.

Essa rotina era parte da preparação para a Ultramarathon 24Hs Run, disputada em Campinas (SP), no último final de semana. Mesmo com apenas dois meses de preparação dedicada à prova, Denílson foi o campeão geral na modalidade 12 horas. Ela correu 120 km, dando volta ao parque onde a ultramaratona foi disputada. “Era volta no Parque Taquaral, com 2,7km em cada volta. Eu completei 44 voltas”.

Nesta modalidade de ultramaratona, os atletas largam juntos para uma prova de 12 horas. Aquele que conseguir percorrer uma distância maior dentro desse tempo, vence a prova. Denílson fez a prova com um tênis rasgado e com o EVA de amortecimento duro.

Denílson, que é de Pouso Alegre e tem 20 anos, fez a sua segunda ultramaratona na vida. A primeira tinha sido em março, onde já havia chegado em 5º lugar geral. “Eu comecei a correr com 17 anos. O objetivo era perder peso porque eu era sedentário; pré-obeso. Eram 24 horas jogando online”, lembra ele que pesava 86 kg para altura de 1.75m.

O início do jovem foi em provas curtas. Ele treinava, treinava, mas não melhorava a velocidade. Então, resolveu aumentar a distância e chegou na ultramaratona. Aí, pode até ser apelidado de Forrest Gump de Pouso Alegre.

Denílson trabalhava como auxiliar logístico numa empresa da cidade e pediu demissão para treinar para se dedicar aos treinos para prova de Campinas. Mas ele também não tinha condições de pagar a inscrição, e foi pedir apoio para empresas de Pouso Alegre. “Tomei muitos Não. Fiquei bastante desmotivado, mas quando consegui o primeiro sim as coisas começaram a fluir”, relembra. Agora, ele está à procura de um novo emprego.

O jovem quer continuar treinando para, em breve, representar o Brasil em um mundial de ultramaratona. Para isso, terá que melhorar ainda a performance atual. Denílson já está no índice que é de 120 km, mas outros atletas estão ainda acima desse patamar. “Eu treino seis vezes por semana. Nos finais de semana eu corro ‘longão’ de 40 km a 60 km. Por semana corro 150 km e fecho o mês com 500 km de treino”.

Denílson durante um treino de Pouso Alegre a Ouro Fino, 54 km de corrida (Foto: reprodução facebook)

Garoto tem futuro

Para Mariano Moraes, que é técnico da Seleção Brasileira de Ultramaratonistas, e também está treinado Denílson, o jovem tem futuro no esporte. “Montei um treinamento para ele, sei que não é fácil aguentar, mas ele suportou bem, chegou lá [em Campinas], faltando três voltas para o final, ele passou o cara que estava na frente dele”.

“Se ele seguir as orientações corretas; se ele não se perder no meio do caminho, que é uma jornada longa para ele entrar nos top do Brasil. Por esse resultado que o Denílson teve agora, eu calculo mais dois anos ainda. Digamos assim, para ele ganhar a prova mais famosa do Brasil que é a BR 135”, projeta o treinador Mariano Moraes.

Na modalidade de 12 horas eram cerca de 50 atletas participando. Mariano conta que a grande maioria dos corredores ficam pelo meio do caminho, não consegue completar a prova. “Por lesão, por cansaço, até mesmo por desânimo, o cara chega lá, começa a rodar, pensa que é uma coisa e é outra completamente diferente”, diz o treinador que ainda completa que os atletas de performance precisam de treinamento físico, psicológico, nutricional e médico. “É um conjunto de detalhes que precisamos montar e trabalhar para dar direção para o atleta”.

O jovem de Pouso Alegre no 1º lugar geral na prova de 12 horas (Foto: reprodução facebook)

Problema de saúde

Uma semana antes da ultramaratona de Campinas, Denílson teve inflamação na hemorroida por esforço excessivo. Isso aconteceu depois de percorrer 54km debaixo de sol. Mesmo com dor, ele continuou treinando. “Todo meu esforço e dedicação foram recompensados”.


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