Mulher que levou recém-nascida de SRS para MT é transferida para Pouso Alegre

Magson Gomes / 26 julho 2018

Patrícia Severino foi presa na semana passada em Cuiabá e trazida nesta quarta para o Sul de Minas. A bebê de 20 dias foi levada para um abrigo de Santa Rita do Sapucaí. A mãe biológica está em liberdade e será ouvida novamente pela polícia, que suspeita que ela fez falsa denúncia.

VÍDEO: CHEGADA DA MULHER NA DELEGACIA DE POUSO ALEGRE; DELEGADO FALA DO CASO; PATRÍCIA SEVERINO DIZ QUE ESTÁ ARREPENDIDA E QUE FOI ENGANADA.

A Polícia Civil quer entender o que aconteceu entre Patrícia Severino da Silva, de 28 anos, e Maria Gedislene dos Santos, de 36 anos. Cada uma tem uma versão no caso que envolve a criança recém-nascida de Maria, levada por Patrícia de Santa Rita do Sapucaí, Sul de Minas, para Cuiabá, Mato Grosso.

Nesta quarta-feira (25) a Polícia Civil transferiu para Pouso Alegre Patrícia Severino. Ela está presa desde a semana passada, quando a polícia iniciou as investigações após denúncia da mãe biológica de que a bebê tinha sido raptada por Patrícia. Porém, a polícia desconfia dessa versão apresentada por Maria Gedislene, 11 dias depois da filha ser levada para Cuiabá.

A bebê que estava no Mato Grosso também foi trazida pela polícia e entregue ao conselho tutelar de Santa Rita do Sapucaí ainda no aeroporto de Guarulhos. A recém-nascida foi levada para um abrigo de Santa Rita.

A investigação tem três vertentes, diz o delegado

“Uma vertente que a doação foi espontânea, que pra mim é o que aconteceu, pela minha experiência policial. A segunda vertente é que houve um comércio da criança. A terceira vertente que ela foi subtraída da mãe”, diz Renato Gavião.

Caso seja provado que foi uma tentativa de doação espontânea, Patrícia não deverá continuar presa. Já a mãe biológica responderá pelo crime de falso testemunho além de ter que prestar esclarecimentos sobre a tentativa de doação irregular.

As mulheres se conheceram em página de rede social sobre adoção de criança

Segundo o delegado regional de Pouso Alegre, Renato Gavião, que foi até o Mato Grosso buscar Patrícia e a bebê, as duas mulheres se conheceram através de uma página no facebook sobre adoção espontânea. Em seguida entraram em um grupo de WhatsApp chamado ‘à espera de um milagre’, que reúne pessoas que querem adotar e mães que querem doar os filhos. A partir daí, elas começaram a trocar mensagens no privado até Patrícia sair de Cuiabá e vir para Santa Rita do Sapucaí para acompanhar o parto da criança.

“A criança nasceu no dia 5 de julho, no dia 6 elas foram ao Fórum para tentar uma autorização para a bebê viajar com a Patrícia. Mas o Fórum estava fechado. Com isso, a mãe biológica Maria foi com a criança até São Paulo, juntamente com a Patrícia. E lá, a Patrícia que não tinha autorização de viagem [com a recém-nascida], pegou um táxi até Cuiabá”, conta o delegado que ainda diz que a viagem durou 20 horas e Patrícia pagou R$ 3.500 pela corrida. A mulher de Cuiabá também teria pago todas as despesas com o parto.

No dia 17 de julho a mãe biológica procurou a polícia para denunciar que a filha recém-nascida tinha sido raptada. Maria contou que Patrícia ganhou a confiança dela e deixou que assistisse ao parto, que a mulher começou a comportar como se fosse mãe da criança e, no dia seguinte, fugiu com a bebê.

A polícia passou a monitorar os telefones das duas mulheres até Patrícia ser presa na sexta-feira, dia 20, na rodoviária de Cuiabá, logo após devolver a criança para a mãe biológica que foi até o Mato Grosso após dizer que queria a criança de volta.

Ainda segundo a polícia, Maria escondeu a gravidez da família, mesmo já tendo dois filhos.

Segundo a polícia, Patrícia já foi presa em 2011 por ter raptado uma criança de uma maternidade em Rondônia. Ela também tem histórico por porte de documentos falsos. Os celulares das duas mulheres foram apreendidos e vão passar por perícia.

Patrícia diz que foi enganada e que está arrependida de ter tentado a adoção

Patrícia Severino da Silva tem 28 anos e trabalha como agente de viagens em Cuiabá. Ela já tem um filho de oito anos. Mas queria um novo filho porque o marido atual não pode ser pai.

“A gente tentou fazer adoção, a gente tentou entrar na fila, só que a gente não conseguiu porque tem que ter casa própria e salário bom. Aí foi que entrei nesse site de facebook e no link de whatsapp e através disso que conhecia a Maria”.

Patrícia diz que não sabia que a adoção consensual era ilegal. Ela conta que até tentaram uma autorização do Fórum de Santa Rita, mas estava fechado.

Segundo a agente de viagem, Maria Gedislene tinha prometido entregar a criança logo após o parto.

Patrícia diz que três dias depois, quando ela já estava em Cuiabá, Maria entrou em contato pedindo a criança de volta. “Ela falou que tinha se arrependido e que a família dela já estava sabendo. Porque ela segurou [ a gravidez] nove meses dentro de casa sem ninguém saber”.

A agente de viagem diz que está arrependida. “Agora vou pagar por um crime que não fiz. Porque não sequestrei criança. Ela [Maria] estava ciente de tudo que ela fez. Provas eu tenho. A polícia vai investigar e vai ver que eu não roubei a criança”, afirma Patrícia.

Como está a criança

A criança ficou de sexta-feira até esta quarta em um abrigo de Cuiabá. A investigadora de polícia Raquel Bello trouxe a bebê no colo no voo até Guarulhos, onde a criança foi entregue ao Conselho Tutelar de Santa Rita do Sapucaí. A recém-nascida ficará à disposição da justiça que vai definir o seu destino se fica com alguém da família biológica ou será colocada para adoção.


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