Pasteleiros que ainda não têm trailer ou veículo adaptado foram retirados das ruas. Eles reclamam de falta de prazo para adaptar. Vigilância Sanitária diz que medida começou há quatro anos e só adaptar para voltar a trabalhar.
Um dos pasteleiros mais antigos da cidade é o Claudinei Aparecido. Ele e o irmão trabalhavam há 30 anos na Avenida Dr Lisboa, em frente à Escola Estadual Monsenhor José Paulino. Nei, como é conhecido, foi o idealizador de se criar uma associação dos pasteleiros. Também atuou para que o alimento fosse tombado como patrimônio cultural e imaterial da cidade. Nei conseguiu a união dos demais colegas para que houvesse uma padronização de carrinhos de pastel. E assim aconteceu. Mas agora, Nei teve que fechar o carrinho e levar para a garagem de casa.
O carrinho de pastel de inox e alumínio, com aquela cobertura de lona não tem mais a aprovação da Vigilância Sanitária para continuar na rua. Todos os pasteleiros precisam se adaptar. Comprar um trailer ou um veículo para armazenar, fritar e servir o delicioso pastel.
Nei, e outros cinco pasteleiros que trabalham no centro da cidade não conseguiram se adaptar e foram retirados das ruas.
Nei afirma que não esperava que fosse retirado assim, sem um prazo limite para montar o trailer. “E de repente fui notificado a paralisar meu trabalho e dar andamento na mudança”.
O problema é que saindo da rua, Claudinei não tem outra fonte de renda para se adaptar. E ainda tem problemas de saúde na família e paga aluguel. “A gente está numa incerteza de fazer uma dívida para fazer a montagem”.
De onde vem o sustento da família
Sebastião Borges de Oliveira estava há 20 anos trabalhando na rua Silviano Brandão. Esse era o único sustento da família. Sebastião diz que sempre estava se adequando. Mas agora estava sem condições financeiras para adquirir um trailer que custa cerca de R$ 18 mil ou um carro que é ainda mais caro. “Agora me interditou. Chegaram quatro pessoas e não deixaram eu vender nem o resto dos pastéis”.
Sebastião afirma que não tinha nenhum documento que estabelecesse uma data limite para se adaptar. “Estou sem chão, para falar a verdade. Tem que correr atrás de alvará, que não libera”, lamenta o pasteleiro que já adquiriu o trailer pra voltar pra rua.
Vigilância Sanitária explica
A fiscal da Vigilância Sanitária Municipal Rosângela Francisco, explica que há quatro anos a vigilância iniciou o trabalho para que os pasteleiros seguissem as regras sanitárias. E, a pedido dos pasteleiros, o prazo foi esticado até o início desse ano.
Segundo Rosângela, há quatro anos a vigilância começou a cadastrar todos os pasteleiros do centro. E que foi explicado o motivo que precisavam se adequar. Verificou-se a procedência do pastel, onde era produzido; foi solicitado o treinamento dos comerciantes para as boas práticas de alimentos. E por último, veio a questão de adequação no local de fritura e vendas.
A fiscal explica que local precisa ter água, espaço para refrigerar o pastel, ser móvel para sair no meio da população. “E a única forma de trabalhar na rua seria com um carro adaptado ou trailer. De acordo com a situação financeira de cada um”, diz Rosângela.
Ainda de acordo com a fiscal, alguns prazos foram dados. O último terminava em outubro do ano passado, mas foi prorrogado até fevereiro desse ano, quando iniciou a retirada de quem não se adequou.
“O propósito era fazer eles se adequarem. Não parar. Por isso, prazos foram dados. Mas não dá para prorrogar mais. Para nós, o que importa é atender as normas da vigilância sanitária. É a saúde da população que está em risco”, afirma Rosângela que garante que quem se adaptar, volta para rua imediatamente.
Após o trabalho com o pessoal do centro, a vigilância passa a cobrar as mesmas regras para quem atua vendendo pastel nos bairros.