O prefeito diz que já cortou gastos, fez economias. Mas permanecem alguns problemas que seriam prioridade nos primeiros dias de trabalho, como filas para marcar consultas e falta de medicamentos.

Nesta segunda-feira, dia 10, Rafael Simões (PSDB) completou 100 dias à frente da Prefeitura de Pouso Alegre. Após três meses e 10 dias como prefeito, é hora de avaliar o trabalho inicial. Esse período é utilizado pelos administradores para mostrar suas primeiras ações e apresentar à população os primeiros resultados, de acordo com suas promessas de campanha.

No caso de Rafael Simões, as prioridades estabelecidas para os primeiros 100 dias eram melhorar o atendimento na saúde e na educação municipal. Também era intenção dá um melhorar os aspectos de ruas sujas de mato e lixo, além de muitos buracos. Outra medida para os primeiros meses era encontrar melhorias para o transporte público da cidade.

Nós entramos em contato com a assessoria de comunicação do prefeito Rafael Simões pedindo uma entrevista para fazer um balanço dos 100 dias. Fomos informados que uma coletiva de imprensa será marcada. Enquanto isso, para não deixar a data simbólica passar em branco, fomos às ruas ouvir a população.

Saúde

O prefeito foi enfático durante a campanha: o atendimento à saúde era sua prioridade. Até porque, sua campanha reforçou essa ideia de bom administrador à frente da fundação mantenedora do Hospital das Clínicas Samuel Libânio. Porém, após 100 dias de governo, o que a situação não parece ter mudado, na opinião de quem precisa de atendimento.

registro feito nesta segunda-feira de pessoas que madrugam na fila para marcar consultas.

Nesta segunda-feira, 10, algumas pessoas tiveram que sair de casa antes das 05h da manhã para conseguir marcar consulta com o médico que atende no posto de saúde do bairro Jardim Esplanada. A dona de casa Lúcia Santos reclama que tem que chegar de madrugada porque é um dia só para marcar consulta para a semana toda. “O certo seria durante a semana ir marcando para não ter que todo mundo chegar de madrugada”.

A dona de casa ainda reclama da falta de medicamento que não encontra nas farmácias dos postos. “Já tem quatro, cinco meses que venho atrás de remédio para minha mãe que é diabética e não está tendo. Sempre falam, volta semana que vem, e nunca tem”.

Situação confirmada pelo paciente Filémon de César que chegou às 05h da manhã para marcar a consulta com o único médico que atende no posto. Filémon é diabético e conta que não tem conseguido fita para fazer verificar a glicose.

Educação

Na educação, logo nos primeiros dias a prefeitura firmou parcerias com empresas da cidade para auxiliar na limpeza e reforma de escolas municipais para a volta às aulas. Porém, na semana passada, três meses de nova administração, um professor reclamou nas redes sociais de falta de material para trabalhar. O professor postou que estava faltando pincéis, folha sulfite e papel higiênico. Em nota, a prefeitura afirmou que o material depende de licitação e que não há falta de materiais básicos.

Prefeito também prometia mais segurança nas escolas públicas, com reestruturação da Guarda Municipal. No mês passado, a Escola Municipal Antônio Mariosa (CAIC) do bairro Árvore Grande, sofreu duas invasões. Em uma delas, dois menores foram detidos pela Polícia Militar.

Transporte Púbico

O prefeito Rafael Simões também prometeu buscar alternativas para melhorias no transporte público da cidade logo nos primeiros dias de governo. E, algumas medidas nesse sentido já estão sendo tomadas. Foi feito um corredor de ônibus na rua Silviano Brandão para testar se será possível implantar esse sistema em outras ruas e avenidas da cidade para agilizar o tráfego dos ônibus circulares. Também foi assinado um documento com a concessionária Princesa do Sul para garantir qualidade na oferta do serviço.

Para Ana Paula Silveira que mora no bairro São Cristóvão e vem para o centro com criança de colo de ônibus não percebeu nenhuma melhoria até o momento. “Na minha opinião tá ruim e tem que melhorar. Se não sair mais cedo de casa perde os compromissos no centro”.

Moradores de rua

Mulher dorme na Pç Duque de Caxias. Em seguida, quatro homens chegaram ao local.

A quantidade de moradores de rua em Pouso Alegre também chamou a atenção da nova administração. Pessoas ligadas à nova administração até comemoraram que logo na primeira semana já havia encontrado uma solução para as pessoas que viviam na Praça Duque de Caixas. Mas, tal medida não surtiu efeito porque o local continua sem ponto de encontro de pessoas em situação de rua. Mas não só ali, vários outros locais estão cheios de moradores de rua.

A reportagem do Terra do Mandu já mostrou esse problema. O taxista João Batista que trabalha há 20 anos na Praça Dr. Garcia Coutinho, atrás da Catedral, diz que o número de pessoas em situação de rua só tem aumentado no local. “Rapaz, não tem cura. Todo dia chega dois, três diferentes. E os caras ficam aqui, bebem cachaça o dia inteiro, pede dinheiro o dia inteiro e cada um tem três cachorros”, constata o taxista.

‘Caixa Preta’

Rafael Simões também prometia investigar e mostrar erros da administração anterior, dizendo que faria uma auditoria dos últimos oito anos. Até agora, nenhum dado referente a isso foi mostrado. Na semana passada foi divulgado um vídeo em que o secretário de Finanças explica que foram encontradas inconsistências contábeis nas contas dos últimos dois anos e que foi solicitado ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) uma investigação desses dados.

Gabinete na João Pinheiro

Uma das primeiras medidas do novo prefeito, segundo ele mesmo, seria mudar seu gabinete para o prédio da prefeitura da Praça João pinheiro. Isso seria feito para transferir outras secretarias para o prédio da Rua Carijós e cortar aluguéis pagos pelo Município. Essa mudança ainda não aconteceu.

*Foto destaque: Prefeito Rafael Simões recebe vereadores em seu gabinete – (reprodução facebook)