Presos do regime semiaberto ajudam na limpeza de ruas em Pouso Alegre

Magson Gomes / 08 fevereiro 2017

A parceria foi firmada entre Prefeitura e Poder Judiciário. A cada três dias trabalhados, um dia é descontado na pena do detento

Francisco das Chagas está preso há um ano e quatro meses. Ele cometeu um assalto em Cambuí (MG), cidade em que mora. Francisco foi condenado a cinco anos e quatro meses e cumpre a pena no regime semiaberto. Junto com mais sete colegas de prisão, Francisco ajuda a deixar as ruas de Pouso Alegre mais limpas.

Hoje é o segundo dia de trabalho da equipe de oito homens. Com enxadas, picaretas e pás eles vão arrancando o mato e o entulho da rua Uirapuru, no bairro Jardim São João. O trabalho debaixo de um sol forte é encarado como uma oportunidade.

A intenção da prefeitura é ampliar a parceria para outros serviços

“É uma oportunidade que está nos dando. O presídio está lotado. Tem 25 pessoas numa cela que a capacidade seria de oito. Situação nossa é degradante. Aqui é uma oportunidade pra gente. Quero cumprir com esse trabalho, ajudando a prefeitura e aguardar uma reposta do juiz para conquistar a liberdade”, diz Francisco.

O prefeito Rafael Simões (PSDB) explica que a parceria surgiu diante da necessidade de fazer uma limpeza rápida nas ruas de Pouso Alegre e que não havia disponível mão de obra especializada. Então, propôs ao juiz da Vara Criminal e Execuções Penais, José Dimas Guerra, a parceria para que os detentos fossem cedidos pelo presídio.

“Hoje estamos trabalhando com oito recuperandos e temos também o convênio com a APAC (Associação de Proteção e Apoio ao Condenado) que nos cedeu seis mulheres recuperandas que trabalham na limpeza das escolas”, conta o prefeito.

Para Rafael Simões, essa iniciativa deveria ser seguida por todos os municípios. “Porque a gente dá condição a essas pessoas retornarem à sociedade, dá a eles uma dignidade. Eles acabam pagando a conta que tinha com a sociedade colaborando com a própria comunidade”.

A intenção da prefeitura de Pouso Alegre é ampliar o trabalho feito pelos detentos para outras áreas como fabricação de blocos e reformas de espaços públicos.

O detento Fabrício Rosa, preso por furto, diz que esse serviço era tudo que precisava. “É fundamental. Hoje o sistema carcerário está precário, superlotado. Isso foi oportunidade única para gente. Não só pra nós oito, mas também para outros que tem direito a esse tipo de serviço, que estão precisando e vão vir pra cá”.



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