O assunto bebê Reborn é um dos mais comentados na internet nas últimas semanas, no Brasil. Algumas postagens mostram pessoas usarem esses bonecos em situações como se fossem bebês reais. A artesã Marta Bettencourt, ressalta que eles são voltados para colecionismo e não para substituir o ser humano.

Ela fabrica bonecos Reborn há 18 anos, em Pouso Alegre, no Sul de Minas. “Essa arte é antiga, totalmente manual e minunciosa. Reborn é a arte de renascer o boneco.” Ela critica a produção de vídeos fora de contexto e defende o trabalho de artesãos.

Arte x pirataria

“O que muitos vendem como bebê Reborn , na faixa de R$ 400, são apenas bonecas fabricadas em fundo de quintal. Não é o trabalho artesanal Reborn e nem traz essas características. Quem compra um bebê Reborn é outro público, que gosta de colecionar, que aprecia essa arte ou quer presentear.”

Para ela, muitos vídeos que geraram polêmica, seriam jogada de marketing de vendedores. Ela alerta para o risco da popularização de produtos como se fossem arte Reborn. “Há muitas oficinas clandestinas. Os bonecos piratas têm até produtos tóxicos na composição, um risco principalmente para crianças.”

O que é a arte reborn

A artesã conta que a arte Reborn começou na Segunda Guerra Mundial, para minimizar o sofrimento de famílias, nesse período. “Mães restauravam bonecos com retalhos, tintas e outros materiais.”

Nos anos 1980 a técnica foi aprimorada nos Estados Unidos e na década seguinte, se propagou com a internet. Essa arte chegou ao Brasil por volta do início dos anos 2000.

Os bonecos são fabricados em vários formatos, de ser humano a animais e fadas. Os mais vendidos por Marta, são os formatos recém-nascidos, bebês e Toddler, de crianças em média até três anos.

O realismo feito em cada pincelada e acabamento, é a característica principal dos bonecos Reborn. O tamanho e o peso são semelhantes ao do ser humano na mesma faixa etária.

As técnicas dessa arte exigem aprendizado especializado. Os materiais são caros e a maioria, importados. Marta conta que o ‘kit cru’ com a cabeça, pernas e braços em vinil para iniciar os bonecos, custa no mínimo R$ 700. Cada pacote de mechas para fazer cabelo e cílios dos bonecos sai por cerca de R$ 200.

A fabricação de cada boneco demora 20 dias. Ela começa com a escolha do ‘kit cru’, pela cor ou detalhes da feição do rosto escolhida e posição do boneco.

A transformação é feita pela pintura, desde a cor da pele a detalhes como expressão facial, vasos sanguíneos e a meia lua das unhas. Depois os bonecos recebem cabelos e cílios aplicados fio, por fio. AO enchimento do corpo, busca dar o peso real.

Tem bonecos Reborn que chegam a ser vendidos R$ 80 mil em leilões. Os que Marta fabrica variam entre R$ 1,5 a R$ 8 mil. A maioria dos clientes dela são adultos, 70%, principalmente para colecionismo.

Além dos clientes que gostam da arte, Marta destaca que há bonecos comprados pela indústria cinematográfica e até como terapia. “Tem pesquisas que indicam resultados positivos no uso dos bonecos Reborn por idosos em casas terapêuticas, crianças com autismo e pessoas com Alzheimer.”