Vereadores Igor Tavares (à esquerda) e Bruno Dias (à direita). Imagem TV Câmara.
O vereador Bruno Dias chamou uma servidora da prefeitura de ‘panicat’, na tribuna da Câmara de Pouso Alegre, nesta terça-feira (12). ‘Panicats’ eram assistentes de palco que ficavam de biquine no programa Pânico, na TV aberta. O vice-prefeito eleito, vereador Igor Tavares, disse que vai mover moção de repúdio contra Bruno, por machismo.
“Será que se fosse uma licitação por inexigibilidade, sem estudo técnico preliminar como rege a lei 14.133, a pedido da ‘panicat’ do Guarda Belo, será que a licitação já tinha sido feita?”, disse Bruno, sem citar quem chamou de ‘panicat’.
Igor reagiu na tribuna e falou que vai mover moção de repúdio contra o vereador. “Quero manifestar o meu repúdio à fala do vereador Bruno Dias, que classificou a Jaqueline Costa, secretária municipal, como ‘panicat’. ‘Panicats’ eram modelos que ficavam seminuas na rede aberta para explorar a sexualização da imagem da mulher.”
Ele destacou que “se nós temos hoje uma Câmara com 15 homens vereadores é por falas machistas como a do senhor vereador Bruno Dias, que tenho certeza que não gostaria que nenhuma mulher do seu parentesco fosse assim chamada quando alcançasse uma posição de liderança. (…) que falas como a do senhor e esse comportamento machista fiquem para trás e profissionais como a Jaqueline, inspirem outras mulheres a crescerem na política”.
O contexto do comentário que gerou revolta
Vereadores usavam a tribuna. Reverendo Dionísio elogiou a Parada Natalina da prefeitura, que atraiu turistas no último fim de semana. O evento é organizado Secretaria Municipal de Comunicação Social, Lazer e Turismo, comandada por Jaqueline Costa.
Bruno usou a tribuna em seguida. Entre os assuntos, ele criticou o projeto de iluminação natalina, comentado pelo Reverendo e que seria uma referência à secretária municipal de comunicação social, lazer e turismo, Jaqueline Costa.
Momentos antes, Bruno chamou o prefeito, Dimas Fonseca, de Guarda Belo, personagem de desenho animado, ao se referir à investigação do Gaeco sobre licitações em obras de prédios públicos.
“A gente não tem um coronel na prefeitura, muito menos um coronel da Polícia Militar. Ele se assemelha muito mais ao Guarda Belo (…) é um coronel que nada apura, nada vigia e nada consegue evitar”.
Ele chamou uma servidora do município de ‘panicat’, na sequência. Isso aconteceu quando ele criticou os transtornos gerado pela obra do Atacarejo Villefort, a atuação da prefeitura e Copasa e citou a Lei Federal nº 14.133/2021, a Lei de Licitações e Contratos Administrativos.
Pessoas de diversos segmentos criticaram a fala de Bruno e consideraram uma forma de machismo. Jaqueline Costa, se manifestou em um grupo de rede social.
“São posturas como desse indivíduo que acabam machucando a gente, principalmente por ser mãe de menina, sabendo que nossas filhas podem passar por esse desrespeito absurdo. Sinto muito por todas nós mulheres que tanto trabalhamos e lutamos principalmente pelo reconhecimento profissional e somos denegridas, humilhadas, oprimidas, machucadas por atos e atitudes machistas e covardes como essa. E vamos libertar a nossa voz, os nossos direitos e não deixar nada nos atingir.”
Em nota, a prefeitura respondeu ao Terra do Mandu, que “repudia veementemente as recentes acusações infundadas e, especialmente, o desrespeito e a violência verbal contra mulheres. Tais atitudes são inaceitáveis e contrárias aos princípios de igualdade, dignidade e respeito que devem nortear as relações humanas em nossa cidade, principalmente vindo de um vereador da Câmara Municipal e administrador de instituição educacional responsável pela formação do caráter das nossas crianças e adolescentes”.
O município “reafirma seu compromisso com os direitos das mulheres. Acreditamos que o respeito à mulher é um pilar fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade justa e equilibrada. Não podemos tolerar qualquer manifestação de misoginia, sexista e desrespeitosa”.