Homem denuncia injúria racial sofrida em farmácia em Pouso Alegre
Em entrevista ao TM, Edinaldo Ananias dos Santos contou que foi vítima de injúria cometida por funcionário; BO foi registrado como ameaça
Iago Almeida / 15 março 2023Em entrevista ao TM, Edinaldo Ananias dos Santos contou que foi vítima de injúria cometida por funcionário; BO foi registrado como ameaça
Iago Almeida / 15 março 2023Edinaldo Ananias dos Santos, de 32 anos, concedeu entrevista ao Terra do Mandu nesta quarta-feira (15/03) e afirmou que foi vítima de injúria racial em Pouso Alegre. O crime teria sido comedido na última segunda-feira (13/03), em uma farmácia da rede ‘Pague Menos’, que fica no bairro São Carlos, região do Foch.
A entrevista completa foi exibida no Mandu News desta quarta-feira (15/03), ao vivo no Youtube e Facebook
De acordo com o rapaz, que é encarregado de obras, ele estava no interior da farmácia, juntamente com a esposa, onde iria pegar um sabonete para sua sogra; em determinado momento, um dos funcionários do local teria o repreendido, perguntando se algo estava sendo levado sem pagar.
Após sair da farmácia, Edinaldo acionou a Polícia Militar, que compareceu ao local. Vídeos gravados pela mulher da vítima, a supervisora Cristiane Gomes Braz, mostram parte da conversa entre Edinaldo e os policiais.
Em determinado momento, o funcionário sai da farmácia e ameaça Edinaldo em frente aos policiais. Com isso, ele acaba sendo contido pelos PM’s e encaminhado para Delegacia, algemado, pro ameaça.
Apesar do crime de injúria racial ter sido denunciado por Edinaldo, a Polícia Militar registrou o Boletim de Ocorrências como apenas como ameaça. O homem acusado, de 34 anos, confirmou para polícia que perguntou para Edinaldo se ele teria pegado alguma coisa, mas que não havia nenhum preconceito em sua fala.
“O autor alegou que teria visualizado a vítima tentando colocar um sabonete no bolso e que apenas perguntou se ele havia pegado alguma coisa. Disse que após isso, a vítima se exaltou e disse “você está dizendo isso por causa da minha cor?”. Porém, disse ainda que não havia nenhum preconceito”, explicou a polícia.
No vídeo gravado pela esposa de Edinaldo, é possível ver parte das ameaças que ele sofreu por parte do funcionário da farmácia, inclusive em frente aos policiais. Os PMs o seguraram e o conduziram para a Delegacia, após as ameaças. Ele foi ouvido, assinou o Termo Circunstanciado de Ocorrência e foi liberado.
“Durante a coleta de informações para registro, o autor saiu do interior da farmácia e ameaçou a vítima de agressão, sendo contido pela equipe policial, sendo necessário conduzi-lo até o local de registro. Foi lavrado TCO e, após tomar compromisso de comparecer na justiça, o autor foi liberado”, explicou a PM.
Nesta terça-feira (15/03), nossa reportagem esteve na drogaria onde o caso teria acontecido, no bairro São Carlos, e conversou com o gerente do local. Ele não quis gravar entrevista, mas informou que os responsáveis jurídicos da empresa estão com imagens internas e externas da farmácia e vão apurar o que aconteceu e tomar as medidas necessárias.
Posteriormente, por volta das 19h30 desta quarta-feira (15/03), a Pague Menos emitiu um comunicado oficial, afirmando que repudia qualquer ato de violência, discriminação, ação ou omissão que motive um tratamento diferenciado a qualquer pessoa ou grupo de pessoas. A nota ainda informa que o homem acusado não faz mais parte do quadro de funcionários da farmácia.
“A Pague Menos repudia todo e qualquer ato de violência, discriminação, ação ou omissão que motive um tratamento diferenciado a qualquer pessoa ou grupo de pessoas, em razão da sua etnia, cor, sexo, nacionalidade, orientação sexual, identidade de gênero, ou outro tipo de diversidade. A empresa reforça que o respeito às pessoas e à diversidade faz parte dos seus valores e está em linha com o seu compromisso junto à sociedade e seus clientes, estando esse discurso presente, inclusive, no Código de Conduta Ética da companhia e em seu Manifesto de Diversidade e Inclusão amplamente divulgados e comunicados a todos os colaboradores e líderes. A Pague Menos informa ainda que está contribuindo com a justiça em relação à apuração do caso e que o profissional não faz mais parte do seu quadro de colaboradores”, disse a nota.
O presidente Lula sancionou em janeiro a lei que equipara o crime de injúria racial ao de racismo, que é inafiançável e imprescritível. O crime de injúria racial é caracterizado quando a honra de uma pessoa específica é ofendida por conta de raça, cor, etnia, religião ou origem.
Veja o que explicou Vinícius Gonçalves, advogado e secretário-geral da 24ª Subseção da OAB de Pouso Alegre:
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