Pacientes que lutam contra o câncer de mama ganham estímulo e autoestima com projetos sociais. No Outubro Rosa, essas iniciativas se destacam, para ajudar e  mostrar a realidade dessas pessoas, além de abordar a prevenção e detecção precoce da doença. Entre os exemplos estão a Casa de São Rafael e projetos parceiros.

É o caso do projeto Histórias Marcadas, da fotógrafa Edinéia Guimarães, que tinha 34 anos quando foi diagnosticada com câncer de mama, em 2016. Durante o tratamento, ela iniciou o projeto em 2018, para ajudar mulheres a lidar com tabus e a resgatar a autoestima durante o período de luta contra a doença.

Ela conta como o diagnóstico e tratamento geram situações pessoais difíceis de se lidar. “Iniciei com a mastectomia que é a retirada dos seios e fiz seis sessões de quimioterapia e já na primeira veio a queda de cabelo. O tratamento oncológico tem um impacto muito grande na autoestima.”

Nesse período ela lembra que “estava sem seio, careca, passava muito mal pela quimioterapia”. O tempo a fez recuperar a autoestima, quando ela percebeu “que estava diferente sim, porém não deixei de ser mulher por causa disso”.

Na poltrona da quimioterapia

Milene Costanti, moradora de Santa Rita do Sapucaí, começou o tratamento contra o câncer de mama em 2017. “Foi um tratamento bem complicado com sessões de quimioterapia. Precisei fazer a cirurgia de mastectomia, perdi as minhas mamas e depois fiz ainda a radioterapia.” Ela optou por não reconstruir os seios.

A história dela e da fotógrafa Edinéia, se cruzaram quando elas estavam sentadas na “poltrona de tratamento, em uma sessão de quimioterapia”. O projeto divulgado no Instagram e Facebook @histórias marcadas, reúne histórias compartilhadas e sentimentos comuns entre pacientes, dentro e fora dos consultórios.

Histórias Marcadas

Nas sessões fotográficas do projeto as modelos são as pacientes. Elas podem enfrentar tabus ao mostrar o corpo com marcas e cicatrizes de tratamentos e cirurgias. Milene participou de uma sessão e descreve que o Histórias Marcadas “ajuda a melhorar e recuperar a nossa autoestima. É como se tivéssemos virado modelos”.

Para a fotógrafa, é gratificante ver a mudança de comportamento delas antes e depois das sessões. “Elas saem totalmente empoderadas, com a autoestima elevada. O que talvez fosse um motivo de vergonha, por estar careca, faltando um seio, com cicatrizes, passa a ser motivo de orgulho. Estamos vivas e isso que importa.”

Casa de São Rafael e o apoio a pacientes

Ajudar pacientes em tratamento contra o câncer é a missão da Casa de São Rafael, que ao longo dos anos atendeu gratuitamente milhares de pacientes em Pouso Alegre. Nilza Capela, assistente social, detalha que “boa parte desses pacientes são mulheres diagnosticadas com câncer de mama”.

Em 2022 a instituição tem 604 pacientes cadastrados. Os serviços ofertados são “acompanhamentos nutricional e psicológico, doação de cesta básica, doação de fraldas, apoio com medicamentos entre outros”, acrescenta Nilza.

Outubro Rosa

O Outubro Rosa alerta para a conscientização e diagnóstico do câncer de mama. Nilza fala que a Casa de São Rafael tem programação aberta ao público durante todo o mês. “E no dia 29 teremos o Dia do Cuidado, para conscientizar sobre a importância do diagnóstico precoce e da prevenção ao câncer de mama.”

Milene foi modelo do projeto e ajuda na conscientização, no Outubro Rosa. Foto arquivo pessoal.

Quem teve a doença, reforça a importância do Outubro Rosa. Milene aconselha “que mulheres e homens façam os exames preventivos, se toquem, procurem os médicos. O diagnóstico precoce pode salvar sua vida.”

“Eu descobri o câncer através do autoexame, que sempre fiz todo mês e aí descobri o nódulo. É importante fazer o autoexame, estar em dia com os exames médicos e se notar qualquer coisa diferente no corpo, procurar imediatamente ajuda médica. Afinal, quem se ama se cuida”, diz Ednéia.