Agência da Caixa em Itajubá destruída em ação de quadrilha. Imagem: reprodução redes sociais
A justiça acatou o recurso para manter em prisão preventiva o homem de 33 anos, suspeito de envolvimento no assalto à agência da Caixa Econômica Federal, em Itajubá, na última semana. Na sexta-feira (24/06), o juiz Gustavo Moreira Mazzilli havia determinado a soltura do suspeito. O homem, que é do estado de São Paulo, está detido no Presídio de Itajubá.
Conforme a decisão que previa a soltura, o homem deveria comunicar qualquer mudança de endereço e comparecer a todos os atos do processo. Foi arbitrada fiança de R$ 2 mil. Entretanto, o mesmo juiz reconsiderou a decisão após novos argumentos apresentados pelo Ministério Público Federal. Vale destacar que o homem já possui diversas passagens pela polícia, como roubo, furto, tráfico de drogas, porte de arma e tentativa de homicídio.
“Há prova concreta de que o investigado, ao ser colocado em liberdade, prejudicará a ordem pública e reiterará a conduta delituosa, voltando ao mundo do crime. Ademais, é conveniente para a instrução criminal e garantia de aplicação da lei penal que o preso permaneça segregado, dada sua comprovada periculosidade. As anotações criminais anteriores e a prova de que o cidadão tem no crime um hábito de sua vida (reiteração criminosa) são motivos, para o TRF1, para fundamentar o decreto da prisão preventiva”, diz a decisão.
De acordo com a PM, a prisão do suspeito deve ajudar nas investigações e também para que os outros assaltantes sejam localizados e capturados — a suspeita é que ao menos 12 pessoas participaram da ação em Itajubá.
A PM informou que estão sendo utilizados drones durante as buscas pelos criminosos, além de aeronaves e força terrestre. “Eles conhecem muito bem a região e acreditamos que a grande possibilidade de prisão desses infratores e continuamos nas operações (…). Nossos policiais estão preparados, foram muito treinamentos. Nós acreditamos que, com esse cerco, nós conseguimos êxito ao longo da manhã e do dia”, afirmou o tenente-coronel Santiago.
Governador Romeu Zema visitou Itajubá dois dias após o ataque, na sexta-feira (24/06) / Foto: Divulgação / Governo de MG
A Prisão do suspeito
Os militares efetuaram cerco nas cidades circunvizinhas a Itajubá, com o objetivo de prender os criminosos que participaram do ataque que assustou moradores em Itajubá, entre a noite de quarta-feira (22/06) e a madrugada de quinta-feira (23/06).
Assim, o suspeito de 33 anos, que foi o primeiro preso por participação na ação, foi encontrado em uma estrada de terra que liga Cambuí a Consolação, também no Sul de Minas. Ele estava em um veículo quando foi abordado e entrou em contradição ao responder os questionamentos dos policiais.
Segundo a PM, os questionamentos foram intensificados e o suspeito acabou confessando participação no assalto. Entretanto, ele explicou que foi contratado por uma pessoa conhecida por “Gordinho”, para atuar como “olheiro” dos criminosos responsáveis pela ação em Itajubá. Além disso, a Polícia Civil registrou em imagens o carro dele em meio aos outros, que foram apreendidos ainda na última semana.
“Segundo depoimento do policial civil Felipe Ribeiro da Silva, o veículo foi utilizado pelo conduzido com o fim de dar apoio aos demais membros do grupo criminoso objeto de investigação, sendo que concessionárias registram, nas datas de 20 e 22/06/2022 (no mesmo horário da ação criminosa), na BR-381 e na MG-295, fotografias de comboios integrados pelo sobredito veículo juntamente com alguns dos que foram abandonados pelos meliantes durante a fuga”, explicou a decisão.
Cinco feridos na ação
Ao todo a ação deixou 5 feridos, sendo quatro policiais e um universitário. Durante o tiroteio em Itajubá, um estudante da Universidade Federal de Itajubá *Unifei) foi atingido na perna enquanto passava em seu carro no meio do confronto. Ele já recebeu alta e foi levado pela universidade para a casa da família, em São José dos Campos/SP.
Entre os policiais, um foi atingido com um tiro no braço durante novo tiroteio que aconteceu em Brazópolis nesta quinta-feira (23/06). Os outros três que foram atingidos também passam bem, segundo a PM; um levou um tiro de fuzil no braço e precisou passar por cirurgia, enquanto o outro foi atingido no ombro. Sobre o quarto policial, não há informação de onde o tiro pegou.
Estudante ferido na perna durante tiroteio teve alta após passar a madrugada em observação / Foto: Divulgação
Carros e materiais apreendidos
A Polícia Civil confirmou que seis carros que haviam sido abandonados pela quadrilha foram posteriormente apreendidos em Estiva, Cachoeira de Minas, Brazópolis e Itajubá. Em um dos veículos apreendidos em Brazópolis a polícia encontrou muito sangue e alguns materiais.
Foram apreendidos ainda material explosivo, celulares, carregadores, balanças, explosivos, munições intactas e deflagradas, escudo e diversos miguelitos, que são usados para furar pneus de carro.
Carro blindado, com registro de furto no estado de SP, usado na ação criminosa em Itajubá. Imagem: reprodução
Carro blindado, com registro de furto no estado de SP, usado na ação criminosa em Itajubá. Imagem: reprodução
O ataque
A ação dos criminosos teve início por volta das 23h30 de quarta-feira (22/06). Vídeos de moradores mostram o cenário que lembra uma guerra em pleno centro da cidade. É possível ouvir barulho dos tiros de fuzis e explosões de bombas e criminosos que circulam com armas de guerra.
Os bandidos tentaram incendiar um carro em frente ao quartel da PM. Eles jogaram gasolina no veículo, mas o fogo não se espalhou, enquanto o bando armado disparava tiros em todas as direções e cercava o centro da cidade.
Policiais Militares de toda a região realizaram desde o início da madrugada uma operação de cerco e bloqueio. Oficiais de Belo Horizonte e São Paulo também estavam em Itajubá. O comando operacional reforça que as cidades e rodovias da região estão sob monitoramento.
Segundo as primeiras informações, os criminosos não teriam conseguido abrir o cofre da agência. Em nota, a Caixa Econômica Federal afirma que “informações sobre eventos criminosos em suas unidades são repassadas exclusivamente às autoridades policiais, e ratifica que coopera integralmente com as investigações dos órgãos competentes”.