Família tenta cirurgia para criança autista que só anda na ponta dos pés

Enzo, de seis anos, tem um encurtamento no tendão e não consegue pisar com o calcanhar no chão. A mãe relata que ele chora de dor e fica sem equilíbrio.

Gabriella Starneck / 02 setembro 2021

Enzo Gabriel Gonçalves, de seis anos, foi diagnosticado com autismo quando tinha pouco mais de um ano. Além de ter dificuldade na comunicação e socialização, ele não consegue pisar com o calcanhar no chão, pois tem um encurtamento no tendão. Por isso, desde pequeno ele só anda na ponta dos pés, o que dificulta o seu caminhar. Esse hábito pode ser comum nos primeiros anos de vida, mas quando persiste pode estar associado a outros problemas.

“O que o paciente tem é o que a gente chama de Marcha Equino Idiopática. O Equino é uma referência com o cavalo, que pisa com a parte da frente da pata. Ou seja, a criança ou até mesmo o adulto vai pisar com a parte da frente, que a gente chama de ante pé. A criança pode andar na ponta dos pés até os dois anos, e, na maioria das vezes, com três começa a andar como adulto. Então a criança que fica mais velha e ainda anda na ponta dos pés, a gente precisa saber a causa. E na grande maioria das vezes tem uma patologia associada”, explica o ortopedista Guilherme Franco.

Enzo, mesmo aos seis anos de idade, ainda não consegue andar normal. Segundo a mãe, Gleiciane Santos da Silva, ele fica sem equilíbrio e chega a chorar de dor quando caminha por muito tempo. Ele fazia fisioterapia, mas por causa da pandemia e condição financeira da família teve que parar. Mãe solteira e com três filhos pequenos para criar, Gleiciane não tem com quem deixar as crianças e não consegue trabalhar.

“Ele ficou um ano e meio sem a terapia, e foi aí que atrofiou de vez. Hoje em dia ele anda muito pouco. Se precisar andar com ele, é cinco a dez minutos no máximo. Eu tenho os vídeos dele andando, dele gritando de dor. Sai sangue de baixo do dedo, porque corta os dedinhos. E ele sofre muito hoje em dia com o pé. Ele não tem um sapato que sirva nele. Eu não consigo comprar, porque os que servem é tudo caro. Que é esses ortopédicos, sabe?!”, relata a mãe.

Enzo só consegue andar na ponta dos pés, o que dificulta o seu caminhar. Foto: Terra do Mandu

Dentre os tratamentos para quem anda na ponta dos pés, estão a fisioterapia, terapia ocupacional, gesso associado à toxina botulínica, que impede a contração da musculatura da perna e, nos casos mais graves, o alongamento cirúrgico, como é o caso do Enzo. O ortopedista Guilherme acompanha o Enzo, e explica que se ele não fizer a cirurgia, pode desenvolver outros problemas.

“Ele pode ter problemas articulares, como no joelho, no quadril, na lombar, por causa do desequilíbrio. O eixo do corpo vai pra frente. É uma analogia com o salto alto. Então pode gerar deformidades no pé, sobrecarga na região anterior do joelho, no quadril, lombar”, afirma o ortopedista Guilherme Franco.

Família não tem condições de custear a cirurgia

A mãe do Enzo conta que não vê a hora do filho fazer a cirurgia para ter uma melhor qualidade de vida, mas a família não tem condições de custear o procedimento. Hoje, ela recebe apenas o Benefício de Prestação Continuada (BPC), concedido ao Enzo por ele ter autismo, e não consegue trabalhar porque não tem com quem deixar as crianças.

“Eu sempre fiz faxina, mas quando o Enzo fez dois anos eu não consegui mais trabalhar. Eu não achei mais ninguém pra cuidar dele por conta do pé. Eu vivo praticamente de alimento, fralda, essas coisas, eu vivo de ajuda. Com R$ 1.088 não dá pra comprar nada. Por isso estou pedindo ajuda, porque não tenho condição de pagar a cirurgia. Fora que vão ter os gastos com remédio, vai ter o pós-cirúrgico”, desabafa a mãe.

Quem puder ajudar a família de alguma forma, pode entrar em contato com a Gleiciane, mãe do Enzo, pelo telefone (35) 99734-7861.

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