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Projeto de arquitetura mapeia situação de imagens e igrejas de Pouso Alegre

Magson Gomes / 31 outubro 2020

Alunos de arquitetura fazem um levantamento dos danos existentes na fachada da centenária Capela de São Benedito, em Pouso Alegre. A igreja, que fica na Praça João Pinheiro, e é tombada pelo patrimônio histórico municipal, foi construída por escravos, no século XIX.

O trabalho dos alunos faz parte do projeto ‘Resgate da Memória e do Patrimônio da Cidade’. Iniciado no segundo semestre desse ano, o projeto envolve os alunos do curso de arquitetura e urbanismo da faculdade Una de Pouso Alegre.

“A ideia é fazer intervenções, oficinas de levantamento de dados e diagnóstico do patrimônio material e imaterial da cidade. Proporcionando, junto ao Conselho do Patrimônio, e toda comunidade, a situação real do que hoje temos como patrimônio aqui em Pouso Alegre”, explica o professor do curso e coordenador do projeto, Gustavo Reis Machado.

Aqui no Santuário Imaculado Coração de Maria, está sendo feito um levantamento de fotogrametria das imagens do Cristo na Cruz e do Santo Antônio Maria Claret. As duas imagens têm mais de um século que estão nessa igreja. Elas são inventariadas e tombadas pelo município.

O Cristo na Cruz, em gesso e madeira, tem 1,20 metro de altura. Já o Santo Antônio Maria Claret, também em gesso e madeira, tem 1,33 metro de altura. A imagem do fundador da ordem dos padres Claretianos, também conhecida como Congregação dos Filhos do Imaculado Coração de Maria, apresenta alguns desgastes do tempo.

“A ideia desse trabalho é gerar dados e documentos da real situação do patrimônio da cidade e, a partir disso, gerar caminhos, possibilidades tanto para o restauro das peças e prédios, quanto para melhoria desses patrimônios”, conta Reis.

O arquiteto Leandro Mizael Duarte é o instrutor da oficina de fotogrametria. Ele conta que essa é uma técnica bastante antiga, desde a fotografia analógica. Hoje utiliza-se câmeras digitais e celulares.

“A partir de fotos comuns, as bidimensionais do dia a dia, é possível construir um modelo tridimensional.  Nesse caso, sendo digital, vai para o computador, que pode ter diversos usos como documento, levantamento do patrimônio e poder intervir nele. Ajuda na preservação e na manutenção do patrimônio”, enumera o arquiteto.

São dezenas, centenas de fotos de cada monumento para criar um modelo 3D no computador ou para a tela do celular.

A aluna Laísa Peres, está no terceiro ano do curso. Ela conta que decidiu fazer arquitetura quando estava em frente a uma igreja.

“Eu sempre quis ter essa experiência da arquitetura de restauro. O que me trouxe para a arquitetura foi o desejo de trabalhar com a parte histórica. Decidi mesmo que queria ser arquiteta em frente a uma igreja para fazer isso, manter viva essa história. E fui me apaixonado por cada detalhe do curso”.

A previsão é que todo o levantamento feito pelos alunos e professores seja concluído no início de dezembro. No final do projeto, toda documentação técnica produzida será encaminhada para o Conselho do Patrimônio e Cultura de Pouso Alegre para tomar as providências possíveis de restauro ou reabilitar das edificações.


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