Acusado de matar companheira a facadas em Itajubá é condenado a mais de 28 anos de prisão

Bruno Alexandre Campos de Paula matou Fernanda Rocha Monferino com mais de 20 facadas em 2023. "Condenação mostra que a nossa dor tinha um nome", diz família. Defesa diz que vai recorrer.

Iago Almeida / 04 dezembro 2025

Foto enviada ao Terra do Mandu mostra acusado durante julgamento no Fórum de Itajubá

Bruno Alexandre Campos de Paula, de 33 anos, foi condenado a a 28 anos e 6 meses de prisão pelo assassinato da companheira, Fernanda Rocha Monferino, de 30 anos, em Itajubá, no Sul de Minas. O Júri teve início por volta de 9h de quarta-feira (03/12) e se encerrou já por volta de 00h07 desta quinta-feira (4/12).

Fernanda foi morta com pelo menos 25 facadas na casa dela no bairro Boa Vista, em Itajubá. O crime aconteceu em 19 de novembro de 2023, na frente da filha dela. A menina tinha cinco anos. Fernanda deixou dois filhos.

Ao longo do Júri, no Fórum de Itajubá, testemunhas foram ouvidas, entre familiares, vizinhos e profissionais que atenderam a ocorrência. Os dois filhos de Fernanda e Bruno vivem sob a tutela da avó materna. A família estava confiante na condenação.

O réu foi condenado pelo Júri por homicídio com quatro qualificadoras: motivo torpe, meio cruel, recurso que dificultou a defesa da vítima e feminicídio — que, na época do crime, ainda integrava o rol de qualificadoras do homicídio.

Tribunal de Justiça de Itajubá realiza júri de assassinato de Fernanda. Imagem cedida pela família e de redes sociais.

Defesa vai recorrer

A defesa do acusado, feita pelos advogados Angelo Adami e Gleydston Lopes, informou que vai recorrer na Justiça, até segunda-feira (8/12), quando o prazo se encerra. Gleydston disse que o julgamento foi árduo e difícil, mas com muito profissionalismo.

A defesa citou um laudo de sanidade mental do acusado, que “demonstra que ele era parcialmente capaz de entender o caráter do fato, no momento do fato, tem uma perturbação mental. Atestado por médicos e peritos de Belo Horizonte. E o Tribunal de Júri simplesmente negaram o documento oficial, prova nos autos. Então nós vamos recorrer e a defesa está confiante que esse júri será anulado”, disse o advogado Angelo Adami.

“O papel do advogado criminalista não é garantir o crime ou a impunidade, mas garantir que todas as pessoas tenham julgamento nos termos da lei. E a decisão dos jurados foi com prova contrárias aos autos. Então nós vamos recorrer dessa decisão. Não houve reconhecimento do laudo de perturbação da saúde mental e esse laudo está contido nos autos. Se Deus quiser nós vamos reverter isso”, disse o advogado Gleydston Lopes.

“A condenação importa”, diz família da vítima

O Terra do Mandu conversou com a tia de Fernanda, Viviane Luiza dos Reis, que disse que a família se sentiu um pouco aliviada com a condenação, mas que nada vai apagar o que aconteceu com a mulher. A família diz que não está totalmente “satisfeita”, mas que agora vai “poder começar um novo ciclo, viver o luto em paz”. 

“Nós fomos informados da sentença. Nenhuma condenação vai trazer a Fernanda de volta, nenhuma condenação vai eliminar a dor da família. Mas a condenação importa, pois ela mostra que a nossa dor tinha um nome, esse nome era Fernanda, a nossa dor era uma verdade, a nossa dor merece respeito, e a nossa dor não ficou impune. O feminicida está recebendo apenas a consequência do ato que ele decidiu praticar”, disse Viviane.

A irmã lembra ainda que “a Fernanda foi brutal e covardemente assassinada e isso jamais será apagada, a pena de morte que foi imputada a ela, não é uma pena que tenha redução. Nós lutamos o tempo todo por justiça, continuaremos lutando por justiça, pois a vida dela importa, sempre importou e a Fernanda jamais será esquecida”, completou.

Por fim, Viviane chamou atenção para o caso, dizendo que a condenação se torna uma lição, para que a violência contra a mulher, os feminicídios, não sejam naturalizados. A família diz que vai continuar respeitando a memória de Fernanda e pensando nos momentos felizes com ela.

“E cada condenação também nós vemos como uma lição, para que não se naturalize a violência contra a mulher, os feminicídios. Nenhuma condenação também supera o preço que a Fernanda pagou, com a própria vida. E nós seguiremos, respeitando a memória da Fernanda, trazendo a memória dos momentos felizes, para aplacar os momentos de dor que, com certeza, ainda existirão”, encerrou a irmã da vítima.

O crime em 2023

A polícia recebeu a denúncia de briga de casal no dia do crime, 19 de novembro de 2023. Ao chegar na casa, encontrou Fernanda morta e Bruno caído no chão, com uma faca enfiada no peito. A informação repassada na época era que ele teria tentado se matar após cometer o crime.

Além disso, a Polícia confirmou ainda que foram pelo menos 25 facadas em Fernanda. Bruno foi operado, ficou na UTI e posteriormente foi preso. Na época, a polícia disse que não havia histórico de ocorrência de violência doméstica envolvendo o casal. Fernanda deixou dois filhos.

Mulher vítima de feminicídio em Itajubá. Imagem / Reprodução redes sociais

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