
Itapeva, no Sul de Minas. Imagem prefeitura.
O Sul de Minas acende alerta para meningite com três mortes e o total de quatro casos da doença. A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) informou ao Terra do Mandu que acompanha a situação na região. A reportagem traz dados sobre a meningite em Minas Gerais, em 2025.
Duas crianças de até três anos morreram e um bebê teve alta, após serem infectados com meningite C, em Extrema. Os casos entre agosto e outubro só foram divulgados pela prefeitura nesta semana.
O quarto caso na região é a morte de um recém-nascido por meningite C, em Itapeva (MG), em 17 de outubro. A prefeitura também não tinha divulgado o fato anteriormente.
Os municípios têm 17 km de distância. A SES-MG esclarece que o caso de Itapeva não tem vínculo epidemiológico com os de Extrema e que análises preliminares indicam tratar-se de um evento isolado. As ações de prevenção, investigação e comunicação de risco são realizadas em conjunto entre as esferas municipal, estadual e federal.
“Até o momento, não há novos casos confirmados para o mesmo agente etiológico nos municípios citados nem em outras localidades da região. A SES-MG informa que acompanha, de forma contínua, a ocorrência de casos de doença meningocócica nos municípios de Extrema e Itapeva, ambos localizados na região Sul do estado.”
Meningite C é uma doença bacteriana grave que afeta as membranas do cérebro e a medula espinhal. Ela pode ser fatal, por isso é importante procurar atendimento médico imediato. Os sintomas principais são febre, dor de cabeça e rigidez de nuca, mal-estar, náusea, vômito, fotofobia e confusão mental e até convulsão, delírio, tremores e coma.
Extrema lidera casos na região
Extrema enfrenta em 2025 uma situação parecida com a de anos atrás, em decorrência da meningite. Em 2022, o município decretou estado de extrema alerta, após registrar duas mortes. Foram seis casos até setembro de 2022. Os três casos recentes confirmados pela SES-MG são de Neisseria meningitidis do sorogrupo C (meningite C)
Segundo a prefeitura, as vítimas da doença são um menino de três anos e 11 meses que morreu em 29 de agosto e uma bebê de 3 meses, que morreu em 15 de outubro. Um bebê de 2 meses internado para tratamento de meningite C no Complexo Hospitalar Samuel Libânio, em Pouso Alegre, teve alta em 21 de outubro.
A prefeitura esclarece que faz busca ativa de crianças não vacinadas e adotou medidas imediatas de vigilância, prevenção e monitoramento. A SES-MG cita que as medidas incluem “identificação e quimioprofilaxia dos contatos próximos, conforme os protocolos do Ministério da Saúde”.
Recém-nascido infectado em Itapeva
A secretária de saúde de Itapeva, Tatiane Pires do Prado, explica que o bebê que morreu por meningite no município é um menino de 46 dias. A informação é que a mãe recebeu visita da Estratégia de Saúde da Família e disse que o bebê estava com febre e foi medicado. A orientação foi procurar a Unidade Básica de Saúde se o quadro persistisse.
A mãe procurou a equipe médica assim que os sintomas agravaram e apareceram manchas na pele do bebê. Ele recebeu atendimento de emergência, mas morreu em 17 de outubro.
Devido ao caso, a Secretaria de Saúde iniciou o levantamento de todas as crianças não vacinadas, com até três anos de idade. A secretária explica que “a cobertura vacinal em Itapeva é de 96,12% para crianças de até um ano. Quando detectamos que uma criança não recebeu a vacina, os pais são convocados a levar ela até a sala de imunização”.
Vacina salva vidas
A vacinação é a forma mais eficaz e segura para prevenir a meningite. A SES-MG lembra que as vacinas conjugadas meningocócicas dos tipos C e ACWY são produzidas com bactérias inativadas e não causam a doença. É importante atualizar o cartão de vacina, “principalmente entre crianças e adolescentes, grupos mais vulneráveis à infecção”.
Existem duas vacinas gratuitas pelo SUS, contra a meningite. A meningocócica C tem duas doses. De acordo com o Ministério da Saúde, a primeira dose é aos dois meses de vida, com reforço aos cinco meses.
Crianças de um ano e adolescentes de 11 a 14 anos têm que receber a dose da vacina meningocócica ACWY. Ela é feita como reforço ou dose única e protege contra os sorogrupos A, C, W e Y, principais causadores da doença.
Extrema intensificou as ações de imunização. A SES-MG deu apoio com equipe técnica e cita que o município faz busca ativa, ampliação de horário das salas de vacina e mobilização desde a atenção primária de saúde.
O problema apontado pela SES-MG no município é a cobertura vacinal abaixo da meta nacional. Apenas 76,8% dos adolescentes de 11 a 14 anos tomaram a vacina ACWY. Entre bebês menores de um ano, a taxa de imunização contra a meningite C é de 83,8%.
Situação dos casos confirmados
O Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) registra 46 casos confirmados de meningite entre janeiro e 10 de novembro de 2025. Em todo o ano de 2024 foram 53 casos.
Os casos de meningite C subiram de 26,42% em 2024, para 30,43% em 2025 (até a atual data). Os demais sorotipos em 2025 são: 28,26% do sorotipo B, 8,7% do tipo W e 4,35% do tipo Y.
O número de casos com tipos não identificados caiu de 49,06% em 2024 para 28,26%. A SES-MG cita que a melhora da identificação ajuda a direcionar estratégias vacinais adequadas.
Extrema confirma duas mortes de crianças por Meningite C