Vereadores trocam acusações no plenário e discutem após sessão na Câmara

Vídeo mostra o presidente da Casa, Dr. Edson, e o vice-presidente, Delegado Renato Gavião, sendo separados por testemunhas e vereadores enquanto batiam boca

Iago Almeida / 20 agosto 2025

A sessão da Câmara Municipal de Pouso Alegre, no Sul de Minas, nesta terça-feira (19/8), terminou em confusão. Ainda em plenário, o presidente da Casa, Dr. Edson (Republicanos), e o vice-presidente, Delegado Renato Gavião (PSDB), trocaram acusações e o clima esquentou. Mas, ao final da sessão, os vereadores precisaram até ser separados por assessores e vereadores, durante um bate boca acalorado.

A discussão teve início após uma votação do Decreto Legislativo nº 468/2025, que autorizou a desapropriação de um terreno vizinho para ampliação da Câmara Municipal. O espaço de 728 metros quadrados fica ao lado do prédio legislativo.

Durante sua fala, o vereador Renato Gavião disse que haviam enganado seu gabinete para tentar incluir a assinatura do parlamentar no decreto legislativo e ainda afirmou que não iria concordar com a atitude de “comprar voto de um vereador” para apoiar a proposta dos colegas. Ele não citou nomes durante a fala.

“Foram lá no meu gabinete, pedindo para assinar um documento digital com a mentira de que eu já havia assinado um documento físico, que não é verdade. Então desde o princípio, agiram de má fé, para que esse decreto fosse apresentado. Também não concordo com algumas atitudes, como comprar voto de um colega vereador. Teve uma tentativa de negociação com o assessor do vereador Oliveira, no sentido que ele votasse a favor do projeto, que o seu assessor teria um lugar na CPI, se conversasse contigo e o senhor aprovasse esse decreto. Então não é por aqui que se consegue as coisas, eu acho que as coisas tem que ser com transparência, com conversa”, disse Gavião.

“O dinheiro público merece respeito. Dois milhões de reais é muito dinheiro. Antes de pensar aqui no nosso conforto, temos que pensar na população, naquela que fica na fila nos hospitais, que fica na fila da UPA, aquelas que não tem hoje uma terapia ocupacional. Eu acho que Pouso Alegre não merece gastar nesse momento, 2 milhões de reais, em um terreno que não tem um projeto futuro, uma previsão de obra”, encerrou o vereador Renato Gavião em sua fala. 

Depois da fala de Gavião, o vereador Israel Russo (UNIÃO) pediu visto para o projeto, pedido que ficou por vários minutos sendo analisado pelo jurídico da Câmara. Em seguida, Dr. Edson tomou a palavra para negar as acusações feitas pelo colega vice-presidente.

“Tive muitas oportunidades de participar de grupos políticos, e não o fiz. Eu não sou do tipo que vende votos ou que compra votos, muito menos sou o tipo de pessoa que se deixa extorquir por pessoas que carregam gravíssimas falhas em seu caráter” , respondeu ele, sem citar o nome de Gavião.

Já ao final da votação, com a proposta já aprovada, Dr. Edson retomou a palavra e justificou a necessidade de ampliar o prédio da Câmara. Foi aí que os vereadores bateram boca em plenário.

“Da minha honestidade cuido eu. Entrei na presidência dessa Casa e vou sair sem negociar cargo de motorista para cabo eleitoral”, disse ele. “Só negocia com cargo de assessor”, rebateu Gavião. “Não estou falando de vossa excelência. Serviu a carapuça?”, disse Dr. Edson, que pediu para o áudio de Gavião ser cortado. “Desculpem o desabafo, porque quem é honesto não aceita esse tipo de coisa”, completou o presidente da Casa.

Clima esquentou após reunião

A reunião continuou após a votação do projeto e se encerrou minutos depois. Só que o clima entre os vereadores Renato Gavião e Dr. Edson continuou quente. Em um vídeo divulgado nas redes sociais é possível ver os vereadores batendo boca e sendo contidos por outros vereadores e assessores que estavam presentes.

“Aqui não tem carguinho não. Pode pressionar que eu aguento”, gritou o vereador Dr. Edson no vídeo. “É? Você foi negociar, foi negociar com o assessor do Oliveira”, rebateu Renato Gavião. O vídeo é curto, mas mostra os vereadores exaltados.

O Terra do Mandu procurou os dois vereadores envolvidos na confusão, o presidente da Casa, Dr. Edson (Republicanos), e o vice-presidente, Delegado Renato Gavião (PSDB). A assessoria de Dr. Edson disse que ele não iria comentar o caso. Gavião não retornou o contato.

Indenização alta

Segundo o decreto, inicialmente, acontecerá uma tentativa de desapropriação amigável, porém, caso não haja acordo com o proprietário, será executada uma ação judicial pelo Poder Executivo. O valor estabelecido para a indenização é de R$ 2.125.835,69, que será pago com os recursos destinados ao Poder Legislativo.

O objetivo, segundo a Câmara, é que o terreno seja desapropriado para permitir a expansão das instalações da Casa. “Com isso, haverá mais espaço disponível para acomodar vereadores, servidores e outros setores da Câmara, como o Museu Tuany Toledo e a Escola do Legislativo”, disse a Assessoria de Comunicação da Câmara, em comunicado à imprensa.

A proposta foi assinada pelos vereadores Dr. Edson — Presidente da Câmara —, Lívia Macedo, Leandro Morais, Hélio Carlos de Oliveira e Odair Quincote. Votaram contra apenas os vereadores Delegado Renato Gavião e Oliveira Altair.

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