Polícia Federal cumpre mandados contra seita religiosa e interdita estabelecimentos comerciais em Pouso Alegre

Magson Gomes / 06 fevereiro 2018

Pessoas seriam mantidas pela seita em situação análoga à escravidão. Investigação teve início em 2011 e esta é a terceira operação contra a seita religiosa e seus líderes.

A Polícia Federal, com o apoio do Ministério do Trabalho, deflagrou na manhã desta terça-feira (06) a Operação “Canaã – A Colheita Final”. Mandados de busca e apreensão e de interdição de pontos comerciais foram cumpridos em Pouso Alegre, Sul de Minas. O objetivo da operação é apurar redução de pessoas à condição análoga à de escravo, tráfico de pessoas, estelionato, organização criminosa, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro, que teriam sido cometidos por líderes de uma seita religiosa. A ação também acontece em outras cidades de Minas Gerais, São Paulo e Bahia.

Em Pouso Alegre a movimentação da Polícia Federal começou bem cedo. Os policiais estiveram numa churrascaria e pizzaria e em um café que pertencem à membros da seita religiosa. Os agentes federais visitaram residências para cumprir os mandados de busca e apreensão.

O restaurante e churrascaria e o café foram interditados. Todas as portas de acesso foram lacradas com o adesivo da Polícia Federal informando a interdição. Os agentes federais foram até a prefeitura de Pouso Alegre para comunicar que os estabelecimentos estão interditados.

Desde o início da manhã estão sendo cumpridos 22 mandados judiciais de prisão preventiva, 17 mandados judicias de interdição de estabelecimento comercial e 42 mandados judiciais de busca e apreensão, todos expedidos pela 4ª Vara Federal em Belo Horizonte/MG. Participam da Operação 220 Policiais Federais e 55 Auditores Fiscais do Ministério do Trabalho nos Estados de Minas Gerais, São Paulo e Bahia.

A seita religiosa é alvo de investigação desde 2011

A investigação teve início em 2011, quando a seita estava migrando de São Paulo para Minas Gerais.

Em 2013, foi deflagrada a “Operação Canaã”, com inspeções em propriedades rurais e em algumas empresas urbanas. Em 2015, foi desencadeada sua segunda fase: “De volta para Canaã”, quando foram presos temporariamente cinco dos líderes da seita. A deflagração de hoje representa a terceira fase da Operação, com a prisão preventiva de 22 líderes da seita, que poderão cumprir até 42 anos de prisão, se condenados. O nome da Operação é uma referência bíblica à terra prometida.

Seita alicia pessoas que são convencidas a doar todos seus bens

Desenvolvida com a participação do Grupo Especial de Fiscalização Móvel do M.T.E, a investigação aponta que dirigentes da seita religiosa teriam aliciado pessoas em sua igreja em São Paulo/Capital, convencendo-as a doarem todos os seus bens para as associações controladas pela organização criminosa.

Segundo a PF, para conseguir convencer as pessoas, a seita utilizava de armadilhas e doutrina psicológica, sob o argumento de convivência em comunidades, onde todos os bens móveis e imóveis seriam compartilhados.

Depois de devidamente doutrinados, os fiéis teriam sido levados para zonas rurais e urbanas em Minas Gerais (Contagem, Betim, Andrelândia, Minduri, Madre de Deus, São Vicente de Minas, Pouso Alegre e Poços de Caldas), na Bahia (Ibotirama, Luiz Eduardo Magalhães, Wanderley e Barra) e em São Paulo (Capital); onde teriam sido submetidos a extensas jornadas de trabalho – sem nenhuma remuneração–, trabalhando em lavouras e em estabelecimentos comerciais dos mais variados tipos, como oficinas mecânicas, postos de gasolina, pastelarias, confecções etc.

Ainda segundo a investigação, por meio da apropriação do patrimônio dos fiéis e do desempenho de atividades comerciais sem o pagamento da mão-de-obra, a seita teria acumulado vultoso patrimônio, contando com casas, fazendas e veículos de luxo.

Atualmente, estaria expandindo seus empreendimentos para o estado do Tocantins, baseados na exploração ilegal.


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