Vigilante que luta contra câncer consegue reverter decisão judicial e volta a receber medicamento do Estado

Magson Gomes / 04 junho 2017

Ricardo até iniciou uma campanha para conseguir arrecadar os valores necessários para o tratamento. Agora ele interrompeu essa campanha até novos exames, caso o tratamento com o atual remédio apresente resultados positivos.

Dias atrás, contamos aqui no Terra do Mandu a luta do vigilante Ricardo Pereira Soares, de 32 anos, morador de Pouso Alegre (MG). A luta dele não era apenas contra o câncer do Linfoma de Hodgkin. Ricardo também estava precisando lutar na justiça para ter direito ao tratamento indicado pelos médicos.

Foto destaque de Ricardo antes de descobrir a doença. E essa durante o tratamento de quimioterapia.

É que os tratamentos disponibilizados pelo SUS não surtiram efeito e o vigilante teve que iniciar a luta para conseguir um medicamento importado que custa R$ 35 mil cada dose. Ele precisa de 16 doses. Como a família não tem condições financeiras nem para uma dose, o jeito foi requerer via judicial que o estado de Minas Gerais fornecesse o medicamento. No primeiro momento conseguiu as seis primeiras doses. Mas logo o estado obteve nova decisão judicial em desfavor de Ricardo e parou de disponibilizar o medicamento, dando um grande golpe na luta do vigilante.

Ricardo é casado e tem uma filha de três anos. Ele descobriu que estava com a doença há dois anos e meio. A descoberta veio depois de ir várias vezes ao hospital e voltar para casa com diagnóstico de tosse, resfriado. Era a doença já se manifestando.

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O Estado se valeu de uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que determinou a suspensão de todos os processos em andamento no país que discutam a obrigatoriedade do Estado em fornecer medicamentos não contemplados na Portaria 2.982/2009 do Ministério da Saúde (Programa de Medicamentos Excepcionais).

Campanha de doação e nova decisão judicial

Com o tratamento iniciado, mas sem dinheiro necessário para a sexta dose (cada dose deve ser tomada num intervalo de 21 dias), Ricardo e família se viram na alternativa de buscar o apoio, a solidariedade das pessoas via campanha de doação de valores e compartilhamento de sua mensagem no facebook. Ao mesmo, o advogado do vigilante tentava reverter a decisão em favor do Estado de Minas Gerais.

A decisão judicial saiu primeiro, para o alívio do paciente. A campanha de contribuição financeira criada na rede social arrecadou pouco menos da metade para compra de uma dose. Como o Estado as vezes atrasa o envio da medicação, segundo Ricardo, esse valor vai ficar à disposição em caso de emergência.  A campanha de doação fica suspensa, por enquanto.

O tratamento

Na semana passada, Ricardo tomou a sexta dose da medicação. Ainda não foi possível perceber se a doença está estabilizada ou retraindo.

Diante da decisão do Estado voltar a fornecer o medicamento, Ricardo escreveu: “a notícia ruim é que, para minha tristeza, notei novos nódulos em minha axila. Isso indica que provavelmente a doença criou resistência a esse medicamento e ele deixou de fazer efeito como nos outros que já tomei”.

O vigilante será submetido a novos exames nos próximos dias para analisar como está o tratamento. Se não houver melhora no quadro e o câncer ainda estiver avançando, Ricardo poderá ter que trocar de medicação mais uma vez. E esse é outro receio para o paciente.

“O indicado neste caso seria trocar de medicamento o mais rápido possível, para não dar tempo de a doença avançar muito e o próximo medicamento fazer o efeito esperado, a doença entrar em remissão e eu partir para o transplante de medula óssea. Eu sei que ainda existe um medicamento que também é de alto custo e o SUS não fornece, ele já é aprovado na Anvisa e foram realizados diversos estudos em pacientes com Linfoma de Hodgkin, com alto nível de sucesso”.

 E assim, a luta de Ricardo Pereira Soares continua.

 

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