São José do Pantano é hoje o único distrito de Pouso Alegre, além da sede. Outros quatro bairros elevados a distrito já se tornaram cidades.

Neste sábado, 13 de maio, o distrito São José do Pantanto faz aniversário. Há 41 anos, o bairro rural que fica a 18 km do centro da cidade de Pouso Alegre, foi elevado à categoria de distrito pela lei estadual nº 6.769. Assim, os moradores passaram a ter direito aos mesmos serviços ofertados na área urbana de sua sede.

Mas, esse status de área urbana nunca tirou a simplicidade do lugar e de sua gente. Avanços chegaram como escola do ensino infantil ao ensino médio, posto de saúde, posto dos correios, água tratada.

Hoje também tem academia de ginástica, farmácia, lojas de roupas, supermercados, lanchonetes e bares, posto de gasolina e oficina. Igrejas são três. Uma católica, hoje Paróquia de São José, e duas evangélicas.

A produção de morango ainda é a principal atividade econômica das famílias do distrito, que gera desenvolvimento para o lugar. São cerca de três mil moradores, contando com os sítios ao redor.

O amor e a saudade de quem vive no distrito

Chegar da lavoura de morango e ir para o bar com os amigos, ou bater uma bola no campo de futebol sempre foi uma diversão para os pantanenses. Quem já morou em lugares assim, quase rural, sabe que essas atividades tem um valor a mais. E quando o tempo passa e algumas coisas mudam, fica a saudade para os que continuam por ali.

Venda do Zé Arvelino, já falecido. Aqui tinha pão com mortadela e groselha.

Adriano Coutinho, técnico em segurança do trabalho, nasceu em 1975, um ano antes do bairro se tornar distrito. Ele nunca deixou o lugar. Casou e tem um casal de filhos.

Adriano diz que sente saudade da represa onde nadavam. Também dos bailes na sede do Clube de Jovens e das brincadeiras de rua. “Do pão com groselha da venda do Zé Arvelino e dos picolés caseiros do bar do Luiz Bia”.

A jornalista e professora Silvana Xavier Pereira também não quis se mudar. Para ela, o Pantano é um lugar tranquilo, com ar puro, muito verde e rodeado de montanhas e a proximidade com Pouso Alegre facilita a vida de todos que precisam estudar ou trabalhar na cidade.

“Aqui é um lugar de povo simples que valoriza a cultura e a arte. Povo religioso e devoto”, conta Silvana que lembra que a festa do padroeiro é uma das melhores da região, realizada na segunda quinzena de julho. No distrito tem o tradicional grupo recomenda das almas que, no tempo da Quaresma, sai pelas ruas fazendo suas cantorias e tocando as matracas.

foto feita por Luciano mostra o distrito no meio do verde.

Silvana também conta que, com o crescimento do bairro, hoje não é possível conhecer todos os moradores, como antigamente que saía na rua cumprimentando todo mundo.

O jovem fotógrafo Luciano Ferraz, autor da foto destaque desta reportagem, nasceu no distrito, morou nos estados do Rio de Janeiro e Santa Catarina. Mas retornou às origens. “Amo esse lugar mais do que qualquer o outro”.

Moradores cobram melhorias no transporte e na segurança

Mesmo que esses pontos positivos de morar perto da cidade, num lugar cheio de verde e ar puro, os moradores têm suas reivindicações.

O transporte público oferecido à população deixa muito a desejar. “Ônibus velhos e que quebram quase todos os dias”, reclamam.

A falta de um posto policial ou pelo menos uma viatura durante o final de semana também é motivo de reclamação.

De acordo com os moradores, são muitos casos de furtos e roubos por toda a área, em sítios, principalmente. Na área urbana do distrito o problema das drogas também já chegou por lá. Menores consumindo bebidas alcoólicas, pilotando motos e dirigindo carros em alta velocidade tiram o sossego nos finais de semana.

Comemorações do aniversário

A Prefeitura de Pouso Alegre organizou vários eventos durante todo o sábado no distrito. Tem ações de saúde e apresentações musicais.

Cidades que já foram distrito de Pouso Alegre

O município de Pouso Alegre já teve outros quatro distritos que hoje são as cidades de Borda da Mata, Estiva, Congonhal e Senador José Bento.

Veja galeria de fotos feitas pelo fotógrafo Luciano Ferraz:

Grupo Recomenda das almas – Arquivo Adriano Coutinho