Pouso Alegre

Carrinhos de pastel são retirados do centro de Pouso Alegre

Magson Gomes / 13 abril 2017

Pasteleiros que ainda não têm trailer ou veículo adaptado foram retirados das ruas. Eles reclamam de falta de prazo para adaptar. Vigilância Sanitária diz que medida começou há quatro anos e só adaptar para voltar a trabalhar.

Só no google street view para ver o carrinho de pastel do Nei.

Um dos pasteleiros mais antigos da cidade é o Claudinei Aparecido. Ele e o irmão trabalhavam há 30 anos na Avenida Dr Lisboa, em frente à Escola Estadual Monsenhor José Paulino. Nei, como é conhecido, foi o idealizador de se criar uma associação dos pasteleiros. Também atuou para que o alimento fosse tombado como patrimônio cultural e imaterial da cidade. Nei conseguiu a união dos demais colegas para que houvesse uma padronização de carrinhos de pastel. E assim aconteceu. Mas agora, Nei teve que fechar o carrinho e levar para a garagem de casa.

O carrinho de pastel de inox e alumínio, com aquela cobertura de lona não tem mais a aprovação da Vigilância Sanitária para continuar na rua. Todos os pasteleiros precisam se adaptar. Comprar um trailer ou um veículo para armazenar, fritar e servir o delicioso pastel.

Nei, e outros cinco pasteleiros que trabalham no centro da cidade não conseguiram se adaptar e foram retirados das ruas.

Nei afirma que não esperava que fosse retirado assim, sem um prazo limite para montar o trailer. “E de repente fui notificado a paralisar meu trabalho e dar andamento na mudança”.

O problema é que saindo da rua, Claudinei não tem outra fonte de renda para se adaptar. E ainda tem problemas de saúde na família e paga aluguel. “A gente está numa incerteza de fazer uma dívida para fazer a montagem”.

De onde vem o sustento da família

Sebastião Borges de Oliveira estava há 20 anos trabalhando na rua Silviano Brandão. Esse era o único sustento da família. Sebastião diz que sempre estava se adequando. Mas agora estava sem condições financeiras para adquirir um trailer que custa cerca de R$ 18 mil ou um carro que é ainda mais caro. “Agora me interditou. Chegaram quatro pessoas e não deixaram eu vender nem o resto dos pastéis”.

Sebastião afirma que não tinha nenhum documento que estabelecesse uma data limite para se adaptar. “Estou sem chão, para falar a verdade. Tem que correr atrás de alvará, que não libera”, lamenta o pasteleiro que já adquiriu o trailer pra voltar pra rua.

Vigilância Sanitária explica

A fiscal da Vigilância Sanitária Municipal Rosângela Francisco, explica que há quatro anos a vigilância iniciou o trabalho para que os pasteleiros seguissem as regras sanitárias. E, a pedido dos pasteleiros, o prazo foi esticado até o início desse ano.

Segundo Rosângela, há quatro anos a vigilância começou a cadastrar todos os pasteleiros do centro. E que foi explicado o motivo que precisavam se adequar. Verificou-se a procedência do pastel, onde era produzido; foi solicitado o treinamento dos comerciantes para as boas práticas de alimentos. E por último, veio a questão de adequação no local de fritura e vendas.

Veículo adaptado para a venda do tradicional pastel de milho

A fiscal explica que local precisa ter água, espaço para refrigerar o pastel, ser móvel para sair no meio da população. “E a única forma de trabalhar na rua seria com um carro adaptado ou trailer. De acordo com a situação financeira de cada um”, diz Rosângela.

Ainda de acordo com a fiscal, alguns prazos foram dados. O último terminava em outubro do ano passado, mas foi prorrogado até fevereiro desse ano, quando iniciou a retirada de quem não se adequou.

“O propósito era fazer eles se adequarem. Não parar. Por isso, prazos foram dados. Mas não dá para prorrogar mais. Para nós, o que importa é atender as normas da vigilância sanitária. É a saúde da população que está em risco”, afirma Rosângela que garante que quem se adaptar, volta para rua imediatamente.

Após o trabalho com o pessoal do centro, a vigilância passa a cobrar as mesmas regras para quem atua vendendo pastel nos bairros.

Trailers substituem os carrinhos de pastel no centro de Pouso Alegre.

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